14 de março de 2017
A Revolta do Ribeirãozinho
e a volta da Monarquia

No início do século XX, várias pessoas em São Paulo começaram a se organizar para depor a república e restaurar a Monarquia no Brasil, com a coroação do príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança. Muitas reuniões foram feitas para deliberar a respeito deste movimento. Em Taquaritinga, à época ainda chamada de Ribeirãozinho, não foi diferente.
Foi aprazado entre os monarquistas que a data do levante seria 23 de agosto de 1902, quando era presidente Campos Salles. Em Ribeirãozinho, os líderes da campanha foram os srs. Joaquim Matheus Côrrea, Pedro Paulo Côrrea, Leonardo Botelho, Thomaz Sebastião de Mendonça, João de Toledo Lara, coronel João Ferreira de Castilho, Dr. Augusto de Castilho, Dr. Eulógio de Matos Pitombo, coronel Gustavo Augusto de Moraes, José Ferreira Leite, Alberto Costa Osório de Souza e Avelino de Negreiros, dentre outros.
Às três horas da manhã do dia combinado, esses homens cercaram a cidade e proclamaram a Monarquia. Tomaram de assalto a delegacia, depondo o delegado Virgílio Nogueira, deixando Thomaz Mendonça como interino. Avelino Nogueira tomou a estação ferroviária e disparou mensagens de telégrafo para diversos locais, comunicando que o regime monárquico havia sido restaurado em Ribeirãozinho.
O plano dos rebeldes era aguardar os avisos do comando central na capital para que chegassem em São Paulo a tempo de participar do jantar comemorativo que seria feito na sede do Governo, em homenagem ao Imperador empossado. Dia 2 de agosto de 1902 foi um dia de grande festa naquele município.
Até o dia seguinte, no entanto, não veio qualquer aviso da queda de Campos Salles. Isso preocupou a todos. Duzentos homens de Ribeirãozinho estavam armados esperando ordens para descer para Araraquara e de lá partir para São Paulo.
Mas, ao contrário do que esperavam, o que chegou foi um telegrama, que avisava que o Governo republicano não tinha aceitado a notícia da Revolta do Ribeirãozinho e havia preparado uma ação de contenção. No comunicado, estava escrito: “Não venham mais. Revolta fracassou. Segue trem especial 400 praças”.
Foi quando ficaram sabendo que apenas em Ribeirãozinho e no município de Espírito Santo do Pinhal é que o levante foi levado à cabo. A restauração da monarquia em Ribeirãozinho durou portanto um dia.
Manifesto
Um manifesto partidário do movimento escrito por Edgar Carone expõe suas justificativas:
"A terra gloriosa de nossos avós, a nossa amada Pátria, outrora invejada pelo estrangeiro como uma das mais felizes do mundo, está transformada em lodaçal, pau pestilento, onde só podem viver as oligarquias, cevadas no tesouro, tripudiando sobre a honra nacional.
[...]
A Marinha, nossa gloriosa Marinha, que outrora pôde escrever com sangue, mas com glória inexcedível a epopeia do Riachuelo, apodrece ingloriamente na baía do Rio de Janeiro ou dela só se afasta, por ordem do governo, como medida de segurança, não da Pátria, mas do próprio governo, que a tem em suspeição
[...]
Tudo corrompido, tudo em decomposição: uma vasta podridão de norte a sul do país: ruínas, ruínas por toda parte!
[...]
Brasileiros; isto não pode continuar. Às armas!
Salvemos a nossa Pátria; sejamos dignos de nossos antepassados!
[...]
Brasileiros! Cumpri o vosso dever! Às armas!
VIVA O BRASIL!
VIVA A LIBERDADE"
Fontes:
OSSIS GOBATTO, Osmar (2000) A Revolta Monarquista de 1902 No Estado de São Paulo, Editora Autor.
Texto: O Redator